PS CORAÇÃO DE JESUS

Setembro 20 2009

Entrevista a José Sócrates

por JOÃO MARCELINO e JOÃO CÉU E SILVA

Publicada na edição online do "Diário de Notícias"

 

 

"O que falta a Manuela Ferreira Leite são ideias"

A crítica ao vazio ideológico do PSD é prioridade no PS. Quanto ao caso das escutas de Belém, o silêncio é quase de ouro, mas o tempo de Cavaco no Governo não é esquecido.
 

 

"Havia muitas queixas de controlo político [no tempo de Cavaco]"
 

O tema das escutas está na ordem do dia, mas o primeiro-ministro e secretário-geral do PS evita-o a todo o custo numa entrevista em que considera o caso TVI o pesadelo da pré-campanha e reforça a ideia de que o PSD é passado.

 

Qual foi o pior momento do último mês? Aquele em que a Administração da TVI decidiu retirar a apresentadora do Jornal Nacional de Sexta-Feira?
Sim… Esse período não foi famoso, porque o que um líder político espera numa campanha eleitoral é que não surjam incidentes que perturbem o normal debate político.

 

Os portugueses compreenderam a sua explicação?

Não tenho, nem tinha, explicações a dar. Espero, isso sim, que tenham acreditado que nada tive a ver com o caso, que é uma decisão que compromete apenas a administração da TVI e que lamento que a decisão tenha sido tomada numa altura que pode levar as pessoas a pensar que o Governo teve algum tipo de influência, que não teve. E como nada tive a ver com isso espero que não tenha influenciado nenhum eleitor. Para responder honestamente à pergunta, acho que foi um período indesejável, gostaria que não tivesse acontecido e que nada disso se tivesse passado, porque sinto que, cada vez que nós discutimos política, programas, ideias, perspectivas políticas, cada vez que se discute o essencial do que está em jogo - esse é o meu convencimento -, quem ganha é o País e os portugueses.

 

Diz-se que a máquina do PS, desde que está como secretário-geral, é muito mais ágil e mais dominadora da comunicação social.

Isso é uma fantasia!

 

Foi o que José Eduardo Moniz disse.

O que me faltava era comentar o José Eduardo Moniz. Os jornalistas podem testemunhar, nestes quatro anos e meio, se o Governo fez alguma espécie de pressões sobre jornalistas ou coisas do género. Isso nunca aconteceu! Fomos o primeiro e único Governo da democracia a manter a mesma Direcção de Informação na RTP durante três anos e que foi nomeada pelo anterior Governo.

 

Não se arrepende sequer do discurso contra o noticiário da TVI que fez no congresso do PS?

Não! Nada! Tenho direito a defender-me. Acho que não podemos ser tratados como eram os fuzilados no tempo de Estaline, que no momento dos tiros ainda tinham de gritar "Viva Estaline!". Tenho o direito de poder defender-me e de dizer o que penso, porque são as regras do jogo em democracia. Também tenho um ponto de vista, não são só os outros que o têm, porque isso de se pensar que só os jornalistas têm direito a exprimir a opinião e os políticos não parece-me duvidoso e pouco democrático.

 

Se fosse hoje, teria lidado de outra forma com a comunicação social?

Procurei sempre ter uma relação respeitosa e até distante com a comunicação social porque entendo que essa situação é importante para os políticos e para o trabalho dos jornalistas. O que gostava de saber é se com outros governos sentiram um clima diferente. Lembro-me bem do tempo em que só havia uma televisão!

 

E de o primeiro-ministro ser Cavaco Silva?

Havia um primeiro-ministro e havia só uma televisão pública, com muitas queixas de controlo político. Depois vieram as televisões privadas e fizeram do nosso espaço público um lugar de maior liberdade e diversidade.

 

Durante o tempo de Cavaco Silva, as pressões eram comparáveis às de hoje?

Na altura havia muitas queixas. Inclusivamente do Presidente da República, Mário Soares, por dominação e controlo da RTP. Alguém se lembra de quem era o director da RTP nessa altura?

 

José Eduardo Moniz.

Isso mesmo.

 

Os três debates da televisão mais vistos foram consigo. Foi o melhor momento da pré-campanha?

Acho que os debates foram muito importantes e marcaram a campanha sem dúvida. Foram muito esclarecedores e procurei sempre encará-los como se fossem debates em que estivesse em jogo a disputa e a escolha dos eleitores. Como me defronto com adversários de respeito, preparei-me para esses debates porque é dever de um político nunca considerar um debate ganho ou ter excesso de confiança.

Tinha uma estratégia para os debates?

A preparação de um debate exige que levemos um pensamento e uma ideia sobre o que queremos transmitir às pessoas. Quem vai para um debate sem saber o que fazer será muito difícil ter sucesso.

 

Acha que se preparou melhor?

Não, tenho adversários políticos que respeito e que são muito experimentados. O que penso é que tenho do meu lado o facto de haver uma obra feita, situação que a comunicação social moderna deixa poucas oportunidades para expor, e os debates deram-me a oportunidade de a expor frente a muitos milhões de portugueses. Isso foi muito positivo para o Governo e para mim, porque mostrei a obra feita, a orientação, a estratégia e o caminho que proponho para o País. Creio que o que defende mais um político é ter ideias e tê-las já aplicado.

 

Surpreendeu-o que o debate com Manuela Ferreira Leite fosse menos visto do que os outros com Paulo Portas e Francisco Louçã?

Estou pouco familiarizado com esses fenómenos da televisão. E foi por muito?

 

Muitos milhares de pessoas.

As pessoas, quando vêem debates, é também com a perspectiva de um combate político e levam em consideração o perfil dos contendores.

 

Mas se o seu debate mais importante era com Manuela Ferreira Leite e foi o terceiro mais visto…

Pois, não sei explicá-lo. Há muito tempo que os portugueses desejavam ver na televisão o debate com o Paulo Portas e com Francisco Louçã.

Ou será que os portugueses acham que a decisão não passa só pelos dois?

Os portugueses são muito sensatos e sabem perfeitamente que o que está em causa nestas eleições é uma disputa para o lugar de primeiro-ministro. E sabem que só uma de duas pessoas pode vir a ser primeiro-ministro - Manuela Ferreira Leite ou eu próprio. Essa perspectiva, os portugueses têm-na e, portanto, a escolha existe. Bem sei que há quem diga que "isto é a escolha de deputados". É, sim, mas é também a escolha de um Governo e de uma liderança para o País.

Conta com isso para ganhar algum voto útil numa área em que o PS conflitua com o Bloco de Esquerda?

A esperança que tenho é que, embora compreenda que muitas pessoas possam não concordar com tudo o que fizemos no Governo, reconheçam, no entanto, que a melhor opção política para o País é votar no PS. Muitos dos que se situam nessa área podem ter discordado de uma ou mais medidas que o Governo tenha tomado, mas, apesar de tudo, fazem uma avaliação positiva do todo. E tenho a convicção de que essa avaliação positiva os levará a apostar de novo no PS. Não tenho certezas, mas estou com essa expectativa.

Para os portugueses, o PS e o PSD são iguais, só diferem nos líderes. É correcto?

No fim dos debates na televisão e de campanha eleitoral, já ninguém diz que PS e PSD são a mesma coisa. Diferimos desde logo na atitude - enquanto a nossa é de confiança, a do PSD é de negativismo e de quem não quer fazer propostas, de andar para a frente, mas ficar parado.

 

Programaticamente há diferenças substantivas em relação à saúde, ao ensino e à Segurança Social?

Muitas, mas gostaria que não se desvalorizasse a questão da atitude, que é uma questão eminentemente política. O País exige determinação, vontade de dar e fazer uma nova dinâmica a par de uma nova ambição e uma nova esperança aos portugueses. Essa é desde logo a questão que nos separa! Mas é também ao nível dos programas, porque se ler o do PSD está lá tudo dito. É certo que por meias palavras, porque o comité eleitoral do PSD pretendeu disfarçar tudo o que o comité mais ideológico propôs. É o caso da Segurança Social, em que está assumido que o PSD deseja verdadeiramente uma privatização parcial, tal como Marques Mendes propôs e apresentou na Assembleia da República em projecto de lei. Quando se diz que "progressivamente estudaremos a possibilidade de autonomizar ou de individualizar as reformas de cada um", o que é isso? É privatização parcial!

 

Ferreira Leite diz que a intenção não é essa.

Bem, o PSD já nos habituou a defender hoje uma posição e amanhã a sua contrária. Mas, para quem tem treino político, não resta a mínima dúvida, e qualquer cientista político confirmará, que o que está em causa é a privatização parcial. O mesmo se passa na educação e na saúde, ou é inocente não referir uma única vez o Serviço Nacional de Saúde, senão por uma razão ideológica? O PSD tinha uma perspectiva antes da crise muito privatizadora e ideológica contra o Estado, e agora tentou atenuar, porque os tempos não estão para isso. O que está em cima da mesa é também uma escolha não apenas de atitude mas entre um Estado social e um recuo na melhoria dos serviços públicos na Segurança Social, na saúde e na educação. E acrescentaria o investimento público, em que as diferenças são óbvias.

O País político clarificou-se?

Sim, e os debates da pré-campanha foram muito úteis. Ficou muito clara a diferença entre PS e PSD, entre o que eu penso e aquilo que Manuela Ferreira Leite pensa! Se quiserem, posso descrever as diferentes mundivisões e terei de citar o casamento e a procriação, o divórcio litigioso, as uniões de facto…

O que é que acha que pensará um católico como António Guterres de todas essas bandeiras?

Desculpe, é fracturante acabar com o divórcio litigioso? Eu não acho nada fracturante, apenas uma questão de bom senso, que poupa aos tribunais e às pessoas a exposição inútil e deprimente do sofrimento e da intimidade de casais desfeitos - que para se divorciarem ainda têm de se acusar mutuamente. Isto é fracturante? Não creio - é apenas bom senso, tolerância e respeito pela dignidade das pessoas.

 

Mas o que pensa o seu camarada António Guterres?

Não faço ideia, mas posso perguntar-lhe. Falo muitas vezes com ele, telefona-me, mas não conversámos sobre isso. Estas questões não são fracturantes; queremos pôr na lei que a pensão de sobrevivência possa ser atribuída numa união de facto. A posição do PS é de apoio às famílias e Manuela Ferreira Leite, que fala muito de famílias, não as apoiou com o abono pré-natal, o aumento do abono de família e da acção social escolar, passe escolar ou o complemento solidário para idosos. Nós não apoiamos as famílias para perseguir quem vive em união de facto; numa união de facto de dez, 20 anos, se um dos companheiros morre, o outro fica sem direito a uma pensão de sobrevivência. Isto é uma injustiça a que queremos pôr fim.

 

Mas são questões que dividem o PS?

Não, e certamente haverá quem, no PS, não concorde com o casamento entre homossexuais, mas quanto ao divórcio litigioso e às uniões de facto? Por amor de Deus! Eu defendo o casamento entre homossexuais - já o defendia antes, mas agora sou mais a favor, porque tenho bem consciência da forma como foram perseguidos e maltratados os homossexuais. Não será uma vitória sobre ninguém nem contra ninguém. Será a sociedade a ficar melhor.

 

A questão do TGV obrigou Zapatero a pronunciar-se...

E foi uma declaração de um estadista.

Uma declaração do primeiro-ministro que é o mais seu amigo.

É verdade, o meu melhor amigo. Mas é o primeiro-ministro eleito e representa o povo espanhol.

 

Ele telefonou-lhe ou falou com ele?

Não.

 

Não o preocupou?

A mim, não, e tenho que ele também não.

 

A reacção em Espanha preocupou-o?

A questão já não é com o TGV, é de credibilidade! Saber se alguém que esteve numa cimeira com outro país e assinou um documento a dizer que ia fazer quatro linhas pode agora, na oposição, dizer que não faz nenhuma e as suspende! Depois de ter negociado com Bruxelas! E a questão também é saber se num debate político podemos, de forma propositada, invocar o sentimento serôdio antiespanhol! Uma invocação imprópria da democracia.

 

Dos tempos da "Outra Senhora"?

É, dos tempos da "Outra Senhora", de outro regime de há muitos anos. É preciso ver que o País só foi grande quando teve uma perspectiva universal e não quando nos virámos para dentro. O isolamento só conduz à decadência, à pobreza e à miséria.

 

Então, subscreve as palavras de João Soares quando fala da outra senhora - de Manuela Ferreira Leite?

Não me ponham palavras que não usei… O que digo é que a "Outra Senhora" é uma expressão popular que se refere ao anterior regime, porque trato a líder do PSD por Dr.ª Manuela Ferreira Leite.

As pessoas do Norte também terão direito a uma ligação ao centro da Península via Vigo?

A nossa intenção é fazer duas linhas: Lisboa-Madrid e Lisboa-Porto-Vigo. É, para já, o que se justifica. Esta discussão também aconteceu em Espanha e lá as regiões de maior crescimento são onde há alta velocidade. Quando Sarkozy e Zapatero decidiram o programa anticrise, o que decidiram fazer? Reforçar e antecipar os investimentos na alta velocidade. O que Obama decidiu nos EUA? Alta velocidade. O que fazem todos os países da Europa?! Investir nela. Vamos ficar para trás? Portugal tem de ter consciência de que, se quer ter a ambição de se colocar no centro e responder aos desafios da economia global, deve reforçar a modernização das infra-estruturas que o liguem aos mercados do centro da Europa.

 

Os recentes escândalos da banca estão fora da campanha. Porquê?

Não faço ideia, mas a verdade é que esses escândalos na banca estão entregues à justiça e tenho confiança de que punirá os responsáveis. O que é do nosso conhecimento é muito chocante e causou um prejuízo sério à economia portuguesa.

 

Não está na campanha porque é incómodo para o PS e o PSD?

Para mim, não é incómodo. Eu não tenho temas incómodos, nenhum! Nem acredito que seja incómodo para o PSD, está entregue à justiça e devemos ter confiança.

 

O PS aprendeu quando Vital Moreira introduziu o tema "roubalheira" nas europeias?

Fiz uma declaração na Assembleia da República e fico-me por ela. O que aconteceu no BPN e no BPP causou um prejuízo sério à nossa economia, à credibilidade do sistema financeiro, e não devia ter acontecido. Ninguém acreditaria que tal se passasse e tem de ser corrigido e as pessoas responsabilizadas.

Também não se comenta a regulação do Banco de Portugal. Há algum entendimento tácito entre o PS e o PSD para não se agredirem nestas questões?

Acham que tenho algum entendimento tácito com Manuela Ferreira Leite? Nem tácito, nem explícito, nada! Estamos a discutir mudanças na regulação financeira ao nível nacional e também mundial, porque vai passar por mudanças significativas para que não volte a acontecer o que fez o mundo estar à beira de uma catástrofe.

Mas, em Portugal, a regulação financeira e bancária deveria ter corrido de outra forma?

Todos tiramos os nossos ensinamentos desta crise e um deles é que a regulação tem de ser mais exigente.

 

Quando diz todos, parece que o governador do Banco de Portugal não partilha da sua opinião...

O governador partilha inteiramente da minha opinião, já que foi ele o primeiro a fazer sugestões para melhorar e reforçar a supervisão financeira nacional.

 

As acusações da oposição não têm razão?

Não. A gestão do BPN e do BPP são casos de polícia e não de supervisão.

 

Mas há no caso do BCP uma diferença?

Quanto ao caso BCP, não tenho nem informação nem acompanhei com minúcia.

 

Há teses de que o Governo está por trás do "assalto" ao BCP.

Existem para aí umas mentes conspirativas que acham que o Governo está por trás de tudo.

 

Foi o que Filipe Pinhal, ex-presidente do BCP, referiu.

Lamento que haja quem se dedique a fazer julgamentos de intenções e veja conspirações em todo o lado. E não tenha sequer vergonha de acusar sem provar. O que aconteceu foi que os accionistas do BCP decidiram convidar a equipa que estava na Caixa Geral de Depósitos para muito lamento do Governo. Mas há mentes tão conspirativas e perversas que são capazes de nos atribuir tudo, mesmo aquilo em que nós, honestamente, não sabemos como somos incluídos.

 

As escutas na Presidência da República também são teoria da conspiração?

Já classifiquei esse incidente como um disparate de Verão. E não quero ir mais além.

 

Teve na quarta-feira o primeiro encontro pós-férias com o Presidente. Debateram a questão?

As minhas conversas com o Presidente da República ficam entre nós.

 

Mas o desenvolvimento das notícias desta sexta-feira alteram a situação política e a relação entre o Governo e a Presidência?

Já disse o que tinha a dizer sobre esta matéria. Li com atenção e com surpresa, mas este não é o momento para comentários.

 

E o caso da alegada compra de votos por António Preto e Helena Lopes da Costa nas distritais do PSD foi um facto que interferiu na campanha?

Tenham dó! Não perco sequer um minuto do meu tempo a pensar neste assunto.

 

Vamos às eleições. As sondagens dizem que o PS não terá maioria absoluta. Como será governar se exclui acordos de coligação?

Não quero antecipar cenários. O PS candidata-se pedindo que lhe dêem condições para governar. O pior seria pôr-me a especular.



É a primeira vez que os partidos se recusam a debater cenários pós-eleições. O que se passa?

Eu não quero fazê-lo. Candidato-me para ganhar as eleições, pedindo aos portugueses que me dêem condições para governar. Os problemas que o País tem pela frente são muito sérios, exigem um Governo determinado a enfrentar a crise e modernizar Portugal sem deixar ninguém na beira da estrada.

 

Uma coisa é certa, tal como Manuela Ferreira Leite nunca fará Governo consigo, com ela também não haverá entendimento?

Manuela Ferreira Leite passa a vida a fazer considerações menos positivas a meu respeito. Se a crítica faz sentido na democracia, acho que vai sendo um pouco de mais que se entretenha apenas a dizer mal e só faça ataques pessoais. Manuela Ferreira Leite tem de tomar consciência de que já vai sendo altura de dizer o que é que quer para o País, de positivo, um caminho ou uma ideia, porque é o que se pede a qualquer líder político! Então, chegamos ao momento das eleições, tantos meses de política, e não é capaz de dizer nada ao País?

 

Acredita que uma mulher com a sua experiência nada tem para dizer ao País?

Não faço ideia! Mas disse alguma coisa? Dêem-me uma coisa positiva que tenha dito. É preciso não nos entregarmos à maledicência sobre os outros, mas dizermos o que pensamos. No comício em Leiria, falei durante 45 minutos e viu-se que era possível fazê-lo sem dizer mal de ninguém, apenas referindo-me às nossas propostas…

 

Mas quem falou antes de si não poupou em ataques!

Estou a falar de mim. As lideranças políticas têm também esse dever, puxar pelo País e propor um caminho.

 

Mas a estratégia parece ser quem vem primeiro ataca, segue-se a imagem positiva.

Não têm razão! Ainda por cima no que diz respeito a Luís Amado, é completamente injusto! Não me importo que façam críticas às políticas e, muitas vezes, a melhor forma de afirmar um caminho é criticar o outro caminho, explicando porque não é o melhor. Reavivar o nacionalismo serôdio e o sentimento antiespanhol é um péssimo serviço que se presta ao nosso país e foi isso que ele quis dizer! Isso é um ataque pessoal? Não! É uma crítica política! Querem saber o que penso? Esta invocação de Manuela Ferreira Leite nunca devia ter acontecido, porque praticamente insinuou - até espero que não o tenha querido dizer - que nós não somos patriotas e que devemos andar aqui a soldo dos espanhóis.

Ou estaria a insinuar que o PS e o Governo deveriam ter dificultado a entrada da Prisa no capital da TVI?

Nós, há quatro anos? Mas então têm de me dizer com base em que lei, porque nós estamos na Europa, construímos um mercado único e há situações proibidas pelas leis europeias.

Os governos, quando querem, sabem conduzir as coisas num determinado caminho!

Percebo o que querem dizer e não sou insensível, mas quando aqui cheguei, uma ou duas semanas depois, os dirigentes da Prisa pediram-me uma audiência para me comunicarem que tinham comprado a TVI. Não foi para me perguntar o meu ponto de vista ou o que achava. Vieram, aliás, acompanhados do anterior dono da TVI para me comunicar o negócio. Nós queremos ou não queremos um país europeu e integrado ou ser a Albânia da Europa?

 

Já sabe quem é o presidente da Media Capital?

Não faço ideia.

 

Portanto, sabe que Pina Moura já saiu?

Não sabia. Tinha ouvido dizer que poderia ter saído, mas não sei se teria ficado noutro cargo. O que quis dizer foi que não acompanho isso.

 

Falou do seu discurso de Leiria e confirma-se a mudança de estilo.

E o que querem dizer? Mais positivo?

 

Sim.

Obrigado!

 

O que pensarão os portugueses dessa mudança, porque acham que de "arrogante" se transformou em "dialogante"?

Penso que houve uma grande campanha para me apresentarem aos portugueses como alguém incapaz de perceber o outro, para confundir firmeza com arrogância. Em muitos momentos desta governação, foi necessário ser firme, o que não significa ser arrogante, mas prosseguir com determinação uma linha política em que acredito. E, com a devida vénia, digo às pessoas: "Desculpem, mas não concordo convosco e espero que tenham igual respeito pela minha opinião." Exercer o cargo de primeiro-ministro seria impossível se não acreditasse no que estou a fazer! Lamento se há pessoas que não acreditam e volto a fazer uma vénia e a dizer: "Tenho de fazer aquilo em que eu acredito."

Surpreendeu-o que um dos maiores empresários portugueses, Belmiro de Azevedo, tivesse vindo pronunciar-se da forma como o fez nos últimos dias?

Não acompanhei essa entrevista. Lamento, mas tenho imenso gosto em responder se me disserem o que referiu.

 

Manuel Alegre entrou na campanha na recta final. Foi difícil chegar a acordo?

Não fiz nenhum acordo com o Manuel Alegre.

 

Foi difícil trazê-lo para a campanha?

Não foi nada difícil. Manuel Alegre fez uma declaração à Lusa dizendo que estava disponível. Eu telefonei-lhe a dizer: "Manuel Alegre, era óptimo vir comigo a Coimbra!" Acha que isto foi difícil? O Manuel Alegre é militante do PS.

Mas nas europeias não parecia!

Mas aparece agora.

Não "parecia" ser militante do PS. E também não apareceu.

Sim, sei que há quem o diga. Mas a verdade é que é militante do PS.

 

Acha que Manuel Alegre vai ser o candidato comum da esquerda contra Cavaco Silva?

Agora estamos a disputar legislativas. Depois veremos isso.

 

Fala da direita com uma carga negativa. Rejeita um entendimento com o PP pós-eleitoral?

Não é com carga negativa, mas de adversário político. Quem poderá governar é o PS ou um projecto de direita. E a direita apresenta-se com um único programa: voltar ao passado. São as mesmas caras, programas e ideias e creio que a direita devia pensar - pensar se é bom para os dois partidos que o que têm para oferecer aos portugueses em 2009 é o mesmo de 2005. O mesmo discurso e as mesmas personagens…

 

Uma dessas personagens teve o seu apoio para presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

Durão Barroso é presidente da Comissão Europeia. Refiro-me às lideranças do PSD e às do CDS, do Governo de três anos antes! Todos os partidos têm de fazer um grande esforço de renovação do pessoal político, da ideologia e do seu programa, porque o País precisa dessa renovação. Olha-se para a campanha do PSD e pergunta-se logo: "Já fazia falta alguma ideiazinha, alguma proposta."

 

Não vai dizer "com o PP não"?

Digo-lhe apenas que me candidato para resolver e responder aos problemas do País, porque é a minha responsabilidade defender o que fiz, e peço aos portugueses é que me dêem condições para governar.

 

O cenário das sondagens não indica maioria absoluta.

Não quero falar sobre cenários, uma especulação que terá o seu tempo a partir da noite de 27. Se ganhar as eleições, prometo responder a essa pergunta, mas só aí…

 

Na própria noite das eleições?

Ver-se-á. Na noite das eleições, em função dos resultados, os partidos terão de dizer qualquer coisa. Antes disso, é antecipar o voto dos portugueses.

 

Está a dizer que depois do acto eleitoral os partidos vão ter de saber ler os resultados?

Isso parece-me evidente.

 

É viável um Governo minoritário?

Percebo as perguntas e a insistência, mas não quero abrir nenhuma excepção a pronunciar-me sobre cenários pós-eleitorais pela simples razão que a eleição ainda não se realizou. Depois, discutiremos isso.

 

Disse que o movimento sindical precisava de ser mais independente. O PS vai retirar-se da UGT?

Retirar-se da UGT?! O PS não está dentro da UGT.

 

A libertação do movimento sindical passa por aí?

O movimento sindical tem de fazer um esforço para ser mais independente dos partidos, em particular a CGTP, porque a UGT é-o mais. Só assim a CGTP fará o que deve, representar os sindicatos e defender os associados. Mas isso é um trabalho permanente, porque a independência dos sindicatos deve estar sempre na agenda.

 

Tem reforçado essa crença na independência com as constantes manifestações de rua contra o Governo?

Não deve haver aproveitamento partidário das posições sindicais e espero que a sociedade democrática compreenda e aceite isso, porque já aconteceu quando houve uma manifestação no meio da campanha eleitoral europeia. Os sindicatos podem apoiar partidos, mas outra coisa bem diferente é fazerem manifestações contra um partido político.

 

Acha que o Estado deve continuar a manter os cargos que tem nas grandes empresas?

Que grandes lugares nas empresas?

Responsáveis na CGD, a participação na economia?

O recuo do Estado em alguns sectores foi uma imprudência. Esse foi um dos ensinamentos que retirámos todos desta crise.

 

Há aí uma ampla "coligação de esquerda", pois o Bloco e o PC pensam o mesmo.

Coligação? Acham que quero nacionalizar a EDP, a Galp? Não confundam a minha posição com a de Francisco Louça. Encontro hoje mais razões para que haja um banco público; não vejo razão para descer a participação na EDP e nos sectores da energia. Aquilo que diz Louçã é absolutamente ridículo e não tem razão quando afirma que vendi a Galp ao Amorim quando este Governo se limitou a agir de forma patriótica e impedir que a empresa passasse - como estava tudo preparado - para mãos italianas. Foi apenas isso.

 

E na comunicação social, defende alteração do peso do Estado?

Não, mas qual é o peso? É na RTP? Aí vejo um certo consenso de que permaneça assim. Eu, como cidadão, quero a RTP com os dois canais. O Canal 2, que é o que vejo quando chego a casa, é o único que não está a dar telenovelas nem concursos e tem alguma diversidade de oferta.

publicado por pscoracaodejesus09 às 21:14

Setembro 20 2009

 

 Manuel Alegre, o histórico fundador do Partido Socialista, que é poeta e deputado e que, por opção própria optou por ficar de fora das listas que o seu partido apresenta nas eleições legislativas do próximo dia 27 de Setembro, explicou em entrevista à SIC que está ao lado de Sócrates, em primeiro lugar porque sempre foi militante do PS e em segundo porque o que o separa de José Sócrates não é nada quando comparado com o que separa o PS dos partidos da direita.
 
Não aceitando equacionar a hipótese da candidatura presidencial por não ser o tempo própio para o fazer e não se sentir, de momento, inclinado para essa opção, o poeta-político optou por equacionar a hipótese de um governo minoritário que, segundo pensa, poderá ter as suas virtudes.
 
Veja a entrevista completa aqui:
 

 

http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/Portugal-2009/2009/9/manuel-alegre-em-entrevista-exclusiva-a-sic.htm

publicado por pscoracaodejesus09 às 16:40

Setembro 20 2009

As próximas eleições são uma escolha entre competência e incompetência, entre rigor e irresponsabilidade, mas também entre uma política que considera que as pessoas são o coração de Lisboa e a que continua a privilegiar a realização de obras que apenas encham o olho, em suma entre António Costa e a Coligação de Direita.

António Costa procurou assegurar a mais alargada colaboração que foi possível e as listas do Partido Socialista para a Câmara e para a Assembleia Municipal integram independentes e cidadãos identificados com os movimentos Cidadãos por Lisboa e Lisboa é Muita Gente.

Três listas do Partido Socialista para as Freguesias englobam também cidadãos identificados com o movimento Cidadãos por Lisboa, como por exemplo, a de Benfica.

É uma iniciativa política inédita, portadora de um futuro melhor, que tem um grande denominador comum considerar que as pessoas são o coração de Lisboa.

A gestão de António Costa tem privilegiando a resolução de questões que contribuem de forma decisiva para melhorar a qualidade de vida dos Lisboetas, desde a recuperação de pavimentos e calçadas e da prioridade dada ao saneamento, à reabilitação urbana e às questões ambientais.

È muito significativo que na apresentação dos candidatos aos diferentes órgãos do Município; António Costa, considerando que as pessoas são o coração de Lisboa, tenha sublinhado compromissos para o próximo mandato, particularmente direccionados paras os seniores e para as crianças.

Constatando a falta em Lisboa de 1100 camas para cuidados continuados, a Câmara já assegurou a criação de condições para a disponibilização de 80 camas e compromete-se a instalar mais 750 camas através da celebração de mais 15 parcerias com IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social).

A criação de condições para que as famílias jovens possam assegurar a educação dos seus filhos e ter ao seu dispor creches, jardins de infância e escolas, com qualidade, o que não acontecia há muito, tem sido uma das suas preocupações centrais. Na sequência do que foi realizado ou iniciado neste mandato: pequenas obras de beneficiação em 63 escolas; obras de grande beneficiação em três escolas: início de construção da nova escola no bairro do Armador; adjudicação de mais 5 novas escolas e de 2 jardins-de-infância; 16 grandes obras de beneficiação em curso; intervenção em 67 escolas até final de 2011; realização do projecto 5 escolas/5 Designers, assegurar que 6.000 alunos do 1.º Ciclo do Ensino Básico tivessem acesso a aulas gratuitas de natação; conclusão do estudo para a implementação do transporte escolar, que se reveste de importância crucial para as crianças, as famílias e a fluidez do trânsito de Lisboa.
 
 
António Costa assumiu como compromissos para o próximo mandato, designadamente: a instalação de 76 novas creches para mais 2712 crianças; a abertura de no ano lectivo de 2009/2010 de mais 250 novas vagas em jardins-de-infância, e no ano lectivo 2010/2011 de mais 250 novas vagas, para que até 2011 se criem 36 novas salas para mil crianças.

São apenas algumas das medidas do programa para o próximo mandato, que exemplificam um estilo de governação marcado pela preocupação de que os Lisboetas, que têm um custo de vida mais elevado do que os habitantes dos concelhos limítrofes, possam, em contrapartida, beneficiar de serviços públicos que lhes permitam viver com qualidade.
 
O nosso voto nas próximas eleições determina escolhas radicais, como escrevemos aqui.

António Costa é, como referiu Boaventura Sousa Santos aquium dos mais brilhantes políticos da nova geração de políticos de esquerda (…) Se ele sair derrotado nas próximas eleições, obviamente a esquerda é burra. Espero vivamente que não seja o caso.”
Lisboa não pode ser encarada como um negócio, económico ou político.

As pessoas são o coração de Lisboa. Não podemos ficar à margem da escolha decisiva entre António Costa e Pedro Santana Lopes. Pela nossa parte, escolhemos reeleger António Costa como Presidente da Câmara de Lisboa.

 

 

Opinião de:

José Leitão
Deputado Municipal
In Blog Inclusão e Cidadania
publicado por pscoracaodejesus09 às 16:21

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